quinta-feira, 17 de abril de 2014

Um aDeus Coroado

Ser solitário permite-nos encontrar as palavras perfeitas de alguém. Encontrei a emoção da viagem contigo, não saí do sofá e tu deste-me algo precioso, uma imagem, consegui construir cheiros, o drama, o suor.Fiquei deprimida, e sem reacção e ainda hoje não consigo superar isso noutras palavras de outro alguém, porque nenhum consegue proporcionar essa vertigem da viagem. Sinto saudades tuas como se fosses um amigo sábio que esteve sempre aqui. Um bom amigo que sabia sempre o que me dar. Também tu foste o génio prometido Gabo e eu graças a ti sou uma Deusa Coroada,que tu coroaste. Hoje sinto-me pequena, engolida pelo receio de nada ser maior que os teus livros e por achar que ainda tinhas muito para me contar. Um obrigado sem obrigação.

domingo, 20 de maio de 2012

como dizer...


Ora bem, se pensarmos que o particípio passado de uma palavra é "obrigar", logo o seu substantivo é uma "obrigação" acho que é de extremo mau tom a sociedade impor-nos o fenómeno social de agradecer com a palavra "obrigado", eu pelo menos parto do princípio que se faço um favor a alguém é de coração e não com o objectivo solene dessa pessoa se sentir obrigada a retribuir algo, e se nunca tiver nada com que me possa retribuir? fica em dívida para sempre? Trata-se de um fardo gigantesco... alivia-me saber que a vida é porém isso mesmo, uma troca constante e espontânea de favores e às tantas já ninguém se lembra do que deve a alguém. Será que algum dia estas convenções vão cair em desuso?

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

o dia da morte de angela wombat





Quando num dia de monção o sol se abriu naquela terra de ninguém mas de todos, angela wombat sabia que era hora de partir, com uma dignidade que não podia deixar de pautar a sua vida naquele momento, o derradeiro. E sim, esperou pelo sol, porque ela própria era o sol de muita gente, não se podia dar ao luxo de morrer e privar o mundo de dois sóis. Deixou um testamento, que ninguém ousa abrir, porque entretanto já é mito, nunca se abriu por temerem as extravagâncias e porque ninguém estava preparado para elas, dizem que entre os benefícios, consta o elefante oferecido pelo Jagatjit Singh Maharaja de Kapurthala (seu amante), entretanto o elefante está ao cuidado de dona Firmina sua criada pessoal que não vota ao abandono os objectos contadores das histórias da sua mestre.

Pedagogias

Gostava que que as nossas crianças não tivessem tantas oportunidades para fazer algo que não querem fazer e só se lembram que o deviam ter feito lá para os 50 anos. Não há brio neste país, não há vontade, não há educação.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Hoje foi isto


Hoje dei comigo a pensar no meu Sanatorium, que está tudo menos sanado e projetei-me para outro sítio, que tentei desconstruir imediatamente... PLETÓRICO de sentido. De onde vem a palavra pletórica que eu tanto adoro????
Ora segundo a teoria da desconstrução do meu tão adorado Jacques Derrida ( que só me lixa a vida, porque desde que o li analiso e desconstruo tudo até ao mais obtuso dos pormenores), vem do Grego πληθωρικός, e é um adjectivo relativo à pletora, que se encontra em estado exuberante, logo pleno de algo, repleto.

Engraçado está, é toda a relação não etimológica da palavra Pletórica, mas sim como surgiu na minha vida, e o significado que sempre teve no meu inconsciente. E injustamente só hoje me lembrei dela, (enquanto pensava no Sanatorium e no meu exercício de palavras) a ponto de a escrever umas vinte vezes, para me punir.

Li isto pela primeira vez em 2002 e chamem-me ignorante se quiserem, ou então só em 2002 olhei para ela com olhos de ver, num livro do José Gil, e olhei para ela porque? porque num livro que me deprimiu até ao tutano, cheguei a um ponto de apenas me focar em palavras aleatórias das páginas e analisar aquelas que me fossem mais compulsórias ou que exercessem um fascínio imediato no meu cérebro... claro está que andei uns dois dias a matutar na palavra PLETÓRICO, concebia teatros mentais onde a pudesse utilizar, tentei fazer uma lista infinita de sinónimos e acreditem que os há, e por fim pesquisei no google por artigos e pude concluir que é utilizada em vastissímos campos de comunicação, com maior destaque em artigo científicos e descritivos de doenças.

"Aquela criança está pletórica de piolhos!!!" - Juro que na Índia pensei nisto.

Quando queremos dormir...

Acontece-me sempreeeee, mas sempre mesmo, que quero dormir, não o conseguir fazer. Não ouço o tique-taque do relógio em decrescendo, mas é como se ouvisse, aliás era melhor se ouvisse talvez me ajudasse a adormecer.
Também me acontece sempre ter ideias geniais que me podiam deixar milionária, mas o bloco de papel para as escrever está demasiado longe e resigno-me à minha condição de ser eternamente pobre. Também pode acontecer num lapso de inteligência, pegar no telemovel e escrever a ideia num rascunho de mensagem, mas estas nunca são as boas ideias, porque no dia seguinte à luz do dia, da racionalidade e do cheirinho a yogurt de morango, reparo que são ideias tão estupidas e inuteis que não interessam sequer às televendas.
Porém na última noite mal dormida, sobre a luz ténue de algo ligado mas distante, reparei que o "universo cat" me observava e analisava afincadamente, e quando percebi que aquele olhar queria dizer "sim! sou eu...", ela teve noção que poderia ser descoberta e esquivou-se rapidamente para uma zona escura e segura onde não a conseguisse deslindar. Fiquei sem perceber de quem se tratava, porém acho que o "universo cat" não está aqui em casa ao acaso, e assumo que poderá ter interiorizado alguém que nos é querido, só para nos fazer feliz.

sábado, 23 de julho de 2011

Dharshanas




Kali Durga namo namah

Destruição e renovação, como tal és uma divindade suprema.